sábado, 20 de fevereiro de 2010

20 de fev: E a chuva...

A chuva nos colocou mais cedo de volta na estrada. A barraca chinesa não parecia muito confiável, então quando começou a chover nessa manhã, antes das 8, levantamos acampamento e nos tocamos para Salto e depois Paysandu. Andar pelas estradas uruguaias com chuva não chega a ser perigoso (por enquanto), mas perde-se a possibilidade de observar melhor as peculiaridades desse país, como os velhos carros ainda em circulação.

Se alguém acha um Opala 88 velho pra rodar tanto, que tal um Bel Air dos anos 50? Só Chevrolet nas estradas de Salto, com chuva!

Banho nas termas

Nas Termas em quase tudo que é lugar sai água morna. Além das piscinas, o encanamento dos banheiros e tanques é com a água dos poços termais. Para um verão em que a temperatura beira os 40 graus, vou ter que dizer que não chega a ser nenhuma delícia. Mesmo assim arriscamos um banho nas piscinas para ver se espantávamos o calor. Se é para estar molhado, num lugar com muita fartura de água, que não seja de suor! A água assim, na temperatura ambiente (nesse caso ambiente mesmo = 39 graus) não faz muita diferença. Chegamos à conclusão que “na hora que sai até que é gostosinho”, se tiver um ventinho pra refrescar, pois aumenta a sensação de esfriamento. Ao menos ao redor das piscinas a sombra é ótima. Em todo caso, acho que na próxima parada, se for para ser perto da água, vamos optar por um lugar com água fresquinha, que combina melhor com esse calor que anda fazendo por aqui.


Em tempo: o Rio Arapey, que circunda as Termas, não é propício para o banho, pois tem águas escuras e forte correnteza, sendo muito frequentado para pesca.

19 de fev: parrillada no camping


Arriscamos fazer uma típica parrillada uruguaia no camping. Para quem não sabe, a “parrilla” (diz-se parrija) é o churrasco por aqui, que se diferencia do churrasco gaúcho por ser assado na labareda e não na brasa, e normalmente em pedaços de carne menores, além de linguiça, morcilha e miúdos. Sendo assim, a churrasqueira também é diferente, chamada “parrillera”, e constitui-se de uma mesa onde se acende o fogo, de preferência com lenha, e sobre a qual se põe uma grade (trempe) onde vai a carne. Para nossa experiência optamos pela lenha, mais barata e tradicional. Vendem “atados de lenha”, que é exatamente isso, por 30 pesos, enquanto um saco pequeno de carvão, com cerca de 2,5kg, custa 50 pesos. Como somos apenas duas pessoas, escolhemos uma paleta de cordeiro pequena e “chorizos”, a típica linguiça uruguaia.

Fora a demora em acender o fogo, o assado foi um sucesso, não sei se por causa dos três litros de cerveja que tomamos entre o preparo e consumo, ou pela qualidade da carne, aliados à competência, é claro, do assador!

Parrilla e Galleta, eis nosso almoço de hoje!

19 de fev: Termas de Arapey

Passamos um típico dia uruguaio nas Termas del Arapey. O lugar é estranho porque é um complexo de lazer e ao mesmo tempo uma localidade do Departamento de Salto. Há pessoas que são moradoras do lugar, mas em geral o que se observa é uma estrutura voltada a atender o turista. Tem hotel, “bangalôs” (espécies de cabanas), “moteles” (equivalem aos kitnets de praia brasileiros) e área para camping. Tudo ao redor do Rio Arapey e com várias piscinas e duchas com água quente que jorra dos poços dia e noite. É feito o controle na entrada onde se escolhe o tipo de acomodação e depois o acesso à todas as áreas de lazer, incluindo as piscinas, é liberado. As cabanas e “moteles” estavam lotados, e como o hotel é caro para nossas pretensões (e para quem está apenas começando viagem) optamos pela barraca. Estamos destreinados depois de 10 anos sem acampar: alimentamos os mosquitos e descobrimos que não temos o menor sentido de orientação solar para escolher o local da barraca. Apesar de cheio, o lugar é tranqüilo, fora algum som muito alto (os uruguaios equipam seus carros como se fossem participar de um campeonato de som), não há com que se preocupar. Seguro, toda a estrutura de comércio, muita sombra e água morna!

Barraca chinesa comprada em Rivera: R$ 40,00
Tanque do Opala cheio em Quaraí: R$ 170,00 (70 litros!)
Carta verde para rodar tranquilo no Uruguai: R$ 146,00
Diária do camping nas Termas del Arapey para duas pessoas: R$ 20,00
Rodar 1000 km de opala para acampar no Uruguai: NÃO TEM PREÇO!!!

18 de fev: Cruzando a fronteira

Depois de alguns dias de temperatura de amena em Dom Pedrito (na noite chegamos a pegar menos de 15 graus!), pegamos a estrada sob um calor escaldante rumo à Rivera (100 km), onde compramos uma barraca e fizemos o câmbio dos pesos, deixando os dólares pois estava desvantajoso. Dali fomos para Quarai, onde visitamos rapidamente o Luisinho da Carburacar (a maior e melhor oficina da cidade!) e pegamos algumas dicas das Termas del Arapey, que sabíamos ser frequentemente visitada pelo amigo.
Fizemos o câmbio real-dólar em Artigas (vamos precisar das verdinhas em Buenos Aires) e também o registro da Aduana. Tudo simples e rápido, enquanto os termômetros de Artigas marcavam 39,5 graus às 16:30 da tarde!


Começamos então nosso “tour” pelo Uruguai, indo de Artigas à Termas del Arapey, rodando pela Ruta 30 (uma estradinha meia-boca) e depois pela Ruta 3.

A Angela, navegadora, indicando ao motorista/fotógrafo a direção que deve tomar, nas estradas uruguaias.

Carta verde

Roteiro definido, restava fazer a tal Carta Verde para passar tranqüilo alguns dias pelo Uruguai. Durante a última semana de trabalho, que coincidiu com a véspera do Carnaval, pesquisei sobre o assunto e liguei para algumas corretoras para ver os custos do seguro para 15 dias junto aos castelhanos. Achei 150 paus caro demais e resolvi que faria a Carta Verde diretamente no Banco do Brasil, onde sou correntista. Bem brasileiro, sexta-feira às 15 horas eu cheguei ao banco, na véspera do carnaval, com a intenção de fazer o seguro. Fui informado da impossibilidade de fazê-lo, já que o grande movimento de pessoas rumo à fronteira esgotou os formulários disponíveis. Embora me parecesse “conversa pra boi dormir”, a questão é que não tinha o que fazer. De última hora, mudamos os planos e nos tocamos para Dom Pedrito, onde passamos o carnaval aguardando o fim do feriado para fazer a Carta Verde na agência do Banco do Brasil local. Enquanto isso colocávamos em dia as visitas para parentes e amigos. E refazíamos o roteiro de viagem, já que ela começava pelo litoral e terminava na fronteira.



Feita a carta verde, aos mesmos 150 paus (na verdade R$ 146,00), hora de pegar a estrada. Saímos de Dom Pedrito quase ao meio dia da quinta-feira, rumo à Livramento-Rivera e depois Quaraí-Artigas, onde entrávamos no país vizinho rumo à Salto.



O Opalão em Dom Pedrito, aguardando pra pegar a estrada

De volta à estrada, mais umas férias!!!


E o velho Opala Comodoro 88 voltou à estrada neste carnaval de 2010. Não que ele tenha ficado parado. A Campanha do Rio Grande do Sul e Florianópolis estiveram diversas vezes nas rodas do valente carro em 2009. “Tiros curtos”, como eu digo, se comparados com a nostálgica viagem à São Paulo e Minas Gerais. No virada do ano, estivemos de Opala em Quarai, cidade na fronteira do Uruguai, onde conhecemos pessoas maravilhosas que incluíram mais essa rota nas nossas “escapadas” de Opala por aí. Para estas férias, no entanto, escolhemos dar uma volta pelo Uruguai. Orçamento apertado e 10 dias menos são o diferencial desta vez, já que temos apenas 20 dias de férias. Vamos ver no que vai dar. A Angela, como sempre, fez o roteiro, que inclui as praias uruguaias, Montevidéo, Buenos Aires na Argentina (desde Colônia do Sacramento), e a região das águas termais, no noroeste do país.

O carro, apesar da idade, se mostra disposto às nossas nevrálgicas incursões. Trocas de óleo e filtros e uma revisão completa dos freios (na qual foi substituído quase todas as peças do freio traseiro), eis tudo que foi feito de manutenção neste último ano. Agora é enfrentar o Pampa!