quarta-feira, 18 de março de 2009

Historinha de terror


Estou atualizando o blog, hoje, 18 de março, do conforto do apartamento da minha irmã e do meu cunhado, Angelita e José, situado no 14º andar de um prédio na Vila Prudente, em São Paulo. Chegamos ontem, terça-feira, em torno das 15h30, quando o mundo ameaçava desabar sobre a capital bandeirante, conforme constata a foto, tirada de dentro do carro, na chegada pela Fernão Dias.
Para quem se interou das notícias sobre a chuva, sabe que vários pontos da cidade ficaram embaixo d'água, e por poucos não nos metemos numa tremenda enrrascada. Começamos a nos localizar na cidade, chegando à Vila Prudente no momento em que as águas começavam a se acumular nas ruas. Um ruído na comunicação ao anotar as referências do enderço e uma dose de teimosia me fizeram chegar, no começo do pior momento das chuvas, a um dos pontos mais críticos de alagamento. Um semáforo fechado nos deteu por alguns segundos, e quando abriu me vi entre a decisão de enfrentar o alagado ou ficar parado atravancando o caminho de todos. Como os carros da frente enfrentaram, meti o opalão na água. Decisão errada. Os carros da frente saíram pela direita, mas nós tínhamos que contornar pela esquerda para fazer o retorno, por dentro da água. Senti o carro morrer e se apagar dentro do alagado. Liguei o alerta e disse pra Angela: "agora vamos ficar aqui, ou descemos e empurramos". Dois carros dos que passaram na frente ficaram em pane, mas fora da água, no meio do cruzamento.
Mas a chuva caía forte e a água subiu rapidamente. Em um fração de tempo que não sei precisar, um ou dois minutos no máximo, senti que o carro começou a flutuar na água, quando passavam caminhões ou ônibus na pista ao lado. No pânico, pensei em descer e tentar empurrar, mas no momento em que cheguei a levar a mão na maçaneta, decidi tentar virar o arranque. Ouvi o motor girar dentro d'água e dar sinais de funcionar. Duas, três tentativas, e ele quase "pegando". Pé no fundo do acelerador e dei a partida mais uma vez. O motor roncou alto, o próprio giro da hélice e a pressão dos gases saindo no escapamento jogaram o carro para um lado, como se fosse uma lancha. A roda calçou no meio fio, engatei uma primeira marcha e saí do alagado, entre carros quebrados, não sei bem como. Temi pelo motor do carro, mas foi nossa salvação. Choveu torrencialmente e sem para nos próximos 40 minutos, e de onde estávamos, duas quadras acima (tive que desviar do caminho que teríamos que tomar), víamos os veículos embaixo da água.
Hoje pela manhã foi hora de avaliar os estragos. Malas e objetos do porta-malas secos e intactos. Um pouco de água no carpete, e aquele cheirinho desagradável. Motor funcionando redondinho, mas vou trocar o óleo para regressarmos. Elétrica do carro ok. Depois dessa, nosso opala provou que está na estrada pra ir onde quisermos, apesar das adversidades.

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